Ela percorre o sentido oposto do fast fashion, prática dos grandes
varejistas em lançar coleções a preços baixos frequentemente e incentivar o
consumo de massa, que reflete na exploração do trabalho e dos recursos
naturais.
Fotos: Amanda M. Faria |
Em 2017, a sustentabilidade tem ocupado lugar de destaque na
indústria nacional da moda, a segunda mais poluente do mundo. Para atender a
este público, os varejistas de moda devem ofertar peças de roupa, calçados ou
acessórios que contemplem, em alguma medida, os princípios de moda sustentável.
Isso significa que os artigos vendidos nos estabelecimentos comerciais devem
ser feitos com matérias-primas renováveis e fabricados por processos menos
poluentes e por empresas que paguem um valor justo aos trabalhadores envolvidos
nos sistemas de produção. O consumidor da moda ecológica procura levar a vida
de um modo mais tranquilo e consciente. Ele busca o retorno ao equilíbrio, quer
que a indústria da moda não comprometa o bem estar das pessoas e produza peças
mais duráveis e atemporais.
O mercado têxtil utiliza matéria-prima natural provocando
impacto na natureza, das fibras tradicionais, a menos impactante é o Lyocel, em
sua criação não existem emissões tóxicas para a água ou atmosfera, é renovável
e biodegradável. Já para a produção do algodão são utilizados pesticidas e
inseticidas para evitar pragas, causando a contaminação do solo, da fauna e
apesar de ser biodegradável, consome alta quantidade de água.
Todas as matérias-primas de uma forma ou outra agridem o ecossistema.
Algumas porque utilizam material de fonte não renovável e não são
biodegradáveis, mas podem ser recicladas, como as fibras sintéticas. Já outras,
visto que poluem o meio ambiente no seu processo produtivo, consomem muita água
e energia, contudo são biodegradáveis, como o algodão, fibra natural. Segundo explica Fernando Barros, coordenador
do curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da Fundação Educacional
Inaciana "Padre Sabóia de Medeiros (FEI), “Cada fibra tem características
e propriedades que definem mercados específicos nas quais são utilizadas”.
Então, não se trata de escolher a fibra menos impactante, mas sim de nos
conscientizarmos dos problemas gerados e buscar soluções que caso não os
eliminem, pelo menos os minimizem”.
Os sapatos veganos
A responsabilidade não se encontra somente nas mãos da
indústria têxtil, empreendedores lojistas entram no mercado com opções de
produtos menos impactantes, criando coleções com materiais alternativos, como a
loja Insecta Shoes que produz sapatos veganos feitos à mão, a partir de roupas
vintage já usadas e tecidas de garrafa pet recicladas. Bárbara Mattivy, sócia
fundadora da marca, afirma que “a moda sustentável é um ramo que está em
constante ascensão e que a sustentabilidade será uma commodity para todas
as marcas.” Além disso, a loja se preocupa com o serviço escravo que é cometido
em muitas confecções de roupas no mundo todo e afirma que todos seus
trabalhadores são brasileiros e submetidos a condições dignas de trabalho.
Responsabilidade do consumidor
Os consumidores também devem ajudar, praticando a
customização de roupas, como relata consultora de estilo e consumidora da moda
sustentável, Mariane Moreira, 33 anos. “A famosa questão do imediatismo,
próprio do ser humano, que acha mais fácil comprar uma nova blusinha do que dar
uma cara nova para aquela encostada há anos no guarda-roupa. Além disso, a
questão do consumo excessivo está além da despreocupação com nossos recursos
naturais, ela permanece para atenuar ou anestesiar dores relativos a outros
problemas como ansiedade, depressão, dentre outros típicos da sociedade atual.
É importante a conscientização neste sentido também.”
Utilizar roupas seminovas, ou seja, realizar compras em
brechó é outra maneira de diminuir o consumismo pela nova produção, mas ainda
há muitos brasileiros que tem preconceito nesse tipo de consumo. “As pessoas
ainda tem problemas com relação ao uso de roupas seminovas. Confesso que não
entendo isso muito bem, e me parece algo relacionado a países emergentes como o
Brasil. Brechós são muito populares na Europa, aqui as pessoas ainda tem uma
mente atrasada neste sentido”. Usar roupa sustentável não é só estar na moda é
um estilo de vida na qual a consumidora se adequou naturalmente e tenta levar
para várias esferas do seu cotidiano, principalmente observando a situação que
a natureza se encontra atualmente.
Reportagem Vaneli Paula
Reportagem Vaneli Paula
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